Mulheres Que Correm com os Lobos: um sucesso há mais de 30 anos

Mulheres Que Correm com os Lobos se tornou um long-seller, isto é, um livro que permanece na lista dos mais vendidos anos após a publicação. Foi lançado há mais de 3 décadas e o interesse pelo livro parece sempre retornar. Entenda mais sobre os assuntos abordados pelo livro e os motivos de tanto sucesso.

Sobre o livro

Autora: Clarissa Pinkola Estés – nascida nos EUA, é uma psicóloga Jungiana, poeta e especializada em traumas pós-guerra. Tem ascendência mexicana e foi adotada por imigrantes húngaros, o que a permitiu ter contato com diferentes histórias e realidades diferentes. Por isso, teve acesso a memórias, histórias e lendas contadas principalmente por sua família.
Quantidade de páginas: 576
Ano de lançamento: 1989
Gênero: autoajuda

“Mulheres Que Correm com os Lobos – Mitos e Histórias do Arquétipo da Mulher Selvagem” apresenta uma série de histórias e mitos tradicionais sobre a natureza instintiva da mulher. São 19 mitos, lendas e até mesmo contos de fada conhecidos, como O Patinho Feio, que trazem reflexões psíquicas sobre ser mulher. Além disso, o livro também traz importantes figuras femininas, como a Baba Yaga, uma bruxa do leste europeu, relacionada à sabedoria da anciã.

O livro resgata diferentes histórias de diversas partes do mundo e ao final de cada uma, aborda os aspectos sutis e psíquicos que podem ser analisados a partir dos aspectos da história.

Mas, afinal, o que significa correr com os lobos?

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(Foto: Pexels)

O nome Mulheres Que Correm com os Lobos gera muita curiosidade à primeira vista. Para quem ainda não conhece, fica difícil até de descobrir do que se trata. No entanto, o significado de correr com os lobos é o resgate da mulher selvagem, é se reconectar com sua natureza instintiva, ativar o faro. A própria autora afirma no livro que um dos propósitos é essa recuperação, já que os 5 mil anos de patriarcado foram capazes de sufocar os instintos das mulheres.

Talvez um trecho do livro possa explicar um pouco mais: “Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas.”.

Além disso, uma das lendas presentes no livro é a mexicana La Loba. Na lenda, uma anciã viaja pelo deserto carregando apenas um saco de ossos. Os ossos, por sua vez, podem representar a alma e o espírito, que são indestrutíveis, apesar de poderem ser profundamente feridos. É a história que fala sobre o desenvolvimento selvagem de uma mulher. Vale a pena ler!

Por que o livro faz tanto sucesso?

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(Foto: Pexels)

Um dos motivos para o livro fazer tanto sucesso é pelo crescente aumento do interesse no autoconhecimento. E o livro cumpre essa função, já que Clarissa Pinkola Estés é uma psicóloga e pode auxiliar no processo. Além disso, o uso de histórias facilita a compreensão dos ensinamentos apresentados ali.

Muitas pessoas também relacionam o sucesso do livro com a ascensão do movimento feminista nas redes sociais. O livro pode sim ser um objeto de estudo sobre o feminismo e até mesmo de emancipação, mas devemos colocar limitações neste quesito. Afinal, o autoconhecimento pode ser uma forma de emancipação e empoderamento feminino, mas não é a única. A obra Calibã e a Bruxa de Silvia Federici, por exemplo, além do patriarcado, fala sobre a divisão sexual do trabalho. Além disso, autoras como Bell Hooks e Angela Davis falam sobre a intersecção de gênero e raça. Pensando nisso, poderíamos citar muitos outros livros para complementar a discussão que Mulheres Que Correm com os Lobos se propõe a fazer. O que fica dessa reflexão é que os estudos de gênero e teoria feminista precisam de um pouco mais de aprofundamento para além da emancipação individual, afinal, se trata de um movimento social.

Para finalizar, o sucesso do livro recentemente é devido ao momento de pandemia causada pela Covid-19. É comum que, em quarentena, as pessoas despertem novos interesses e um deles é a busca pelo autoconhecimento. Além disso, muitas pessoas também passaram a frequentar grupos de leitura, nos quais essa obra é constantemente lida.

10 frases e trechos de Mulheres Que Correm com os Lobos

Se você se interessou pelo livro e quer conhecer um pouco mais, que tal ler alguns trechos? Veja a seguir.

1. A criatividade não é um movimento solitário. O que quer que seja tocado por ela e quem quer que a ouça, que a veja, que a sinta, que a conheça, serão alimentados.

2. Ser forte não significa exercitar os músculos. Significa encontrar seu próprio brilho sem fugir, vivendo ativamente com a natureza selvagem de uma maneira própria. Significa ser capaz de aprender, ser capaz de defender o que sabemos. Significa se manter e viver.

3. A melhor terra para semear e fazer crescer algo novo outra vez está no fundo. Nesse sentido, chegar ao fundo do poço, apesar de extremamente doloroso, também é um terreno para semear.

4. Embora o exílio não seja algo que se deseje por diversão, há um ganho inesperado nele: são muitos os presentes do exílio. Tira a fraqueza a tapas, faz desaparecer as lamúrias, habilita a percepção interna aguda, aumenta a intuição, confere o poder da observação penetrante…

5. Ficamos tão vivas que retribuímos distribuindo vida. Produzimos rebentos, florescemos, nos dividimos e nos multiplicamos, impregnamos, incubamos, comunicamos, transmitimos…

6. Nosso apetite secreto por sermos amados não é bonito. Nosso desuso e mau uso do amor não é bonito. Nossa falta de lealdade e devoção é pouco amorosa, nosso estado de separação da alma é feio, são verrugas psicológicas, insuficiências e fantasias infantis.

7. No corpo não existe nada que ‘devesse ser’ de algum jeito. A questão não está no tamanho, no formato ou na idade, nem mesmo no fato de ter tudo aos pares, pois algumas pessoas não têm. A questão selvagem está em saber se esse corpo sente, se ele tem um vínculo adequado com o prazer, com o coração, com a alma, com o mundo selvagem. Ele tem alegria, felicidade? Ele consegue ao seu modo se movimentar, dançar, gingar, balançar, investir? É só isso o que importa.

8. A Mulher Selvagem aparece em muitos tamanhos, formas, cores e condições. Mantenha-se alerta para poder reconhecer a alma selvagem em todos os seus inúmeros disfarces.

9. O amor na sua forma mais plena é uma série de mortes e renascimentos. Deixamos ir uma fase, um aspecto do amor, e entramos em outra. A paixão morre e é trazida de volta.

10. Sermos nós mesmos faz com que acabemos excluídos pelos outros. No entanto, fazer o que os outros querem nos exila de nós mesmos.

O livro Mulheres Que Correm com os Lobos pode ser uma ferramenta incrível para o autoconhecimento e despertar da mulher selvagem. Vale a pena conhecer! Conheça também o Calendário Lunar 2021, outra ótima ferramenta para se conectar com os ciclos da natureza.

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